Treinamento destacou importância da profilaxia e adesão ao tratamento, bem como o cuidado integral ao paciente - Fotos: Adair Gomez

De acordo com a instituição internacional, mulheres e meninas com distúrbios hemorrágicos ainda são subdiagnosticadas e negligenciadas. A qualidade de vida delas e demais pacientes pode melhorar com o reconhecimento, diagnóstico, tratamento e cuidados adequados.

Para lembrar o Dia Mundial da Hemofilia – tradicionalmente comemorado em 17 de abril, a Hemominas, em parceria com a Associação Brasileira de Pessoas com Hemofilia – Abraphem, promoveu um treinamento no auditório do Hemocentro de Belo Horizonte na manhã dessa terça-feira,15.

Voltado a profissionais da área técnica, pacientes e familiares, o evento trouxe apresentações multidisciplinares importantes, com temas como: importância da profilaxia e adesão ao tratamento, sangramento articular, cuidado integral ao paciente e atividade física para prevenção de lesões.

O delegado regional da Abraphem em Minas Gerais, Milton Ferreira, abriu o evento explicando o trabalho da associação. “A atuação da Apraphem foca principalmente três pilares: políticas públicas, atividades educacionais e intermediação, caso algum paciente necessite de auxílio jurídico, por exemplo. “Trabalhamos junto a todas as esferas de governo, defendendo as políticas públicas para pessoas com coagulopatias, melhorando e auxiliando no tratamento, o que beneficia toda a população”, enfatizou.

Isso não era possível há uns anos”, comemorou Milton, lembrando a evolução nas formas de tratamento e medicamentos disponíveis aos pacientes ao longo dos anos. 
Dra. Andréa Gonçalves de Oliveira alertou em sua palestra “Mulheres também sangram” sobre a diferença de tempo no diagnóstico entre homens e mulheres com coagulopatias, que é de cerca de 10 anos – Ilustração: Arquivo Hemominas
Dra. Andréa Gonçalves de Oliveira alertou em sua palestra “Mulheres também sangram” sobre a diferença de tempo no diagnóstico entre homens e mulheres com coagulopatias, que é de cerca de 10 anos – Ilustração: Arquivo Hemominas

Em consonância com o tema deste ano, a hematologista do Hemocentro de Belo Horizonte, Andréa Gonçalves de Oliveira, trouxe a palestra “Mulheres também sangram”, na qual destacou a diferença no tempo de diagnóstico entre homens e mulheres com coagulopatias, que é de cerca de 10 anos. Segundo a médica, muitas vezes a demora nesse diagnóstico ocorre porque a mulher acha normal um período menstrual muito longo ou intenso, já que ela estava acostumada a ver isso nas mães, avós e tias que, na maioria das vezes, desconhecem que também são portadoras de alguma coagulopatia.

Já a médica Patrícia Cardoso, assessora da diretoria Técnico-científica da Hemominas, enfatizou a necessidade de o paciente fazer o seu acompanhamento com uma equipe multidisciplinar e terem um vínculo próximo com o centro de saúde. “Temos parcerias com as secretarias municipais de saúde para que os pacientes que não estão próximos aos ambulatórios da Fundação também sejam acolhidos e acompanhados da melhor forma”.

Ela aproveitou para enfatizar a importância do autocuidado, incluindo a adesão ao tratamento, alimentação saudável, atividades físicas com acompanhamento e o uso do cartão de identificação de paciente com coagulopatia, que auxilia no caso de atendimentos de urgência.

O treinamento foi transmitido online e também contou com as seguintes apresentações: “Profilaxia e adesão” (dr. Márcio Portugal); “Sangramento articular subclínico” (dr. Luis Felipe Lyon) e “Atividade física como prevenção de lesões e promoção da saúde (Eder Luciano Santos). Ao final, os participantes puderam tirar dúvidas com os profissionais presentes.

Hemofilia: tipos e sintomas

Participantes receberam orientações sobre políticas públicas, atividades educacionais e intermediação - Fotos: Adair Gomez
Participantes receberam orientações sobre políticas públicas, atividades educacionais e intermediação - Fotos: Adair Gomez

A hemofilia é tida como um distúrbio genético e hereditário que afeta a coagulação do sangue, dificultando o processo que é essencial para a integridade do nosso corpo, que é coagular o sangue e impedir hemorragias. 

Os dois tipos de hemofilia existentes estão relacionados à deficiência de dois fatores de coagulação do sangue: a do tipo A ocorre pela deficiência do fator VIII; e a do tipo B pela deficiência do fator IX. Seu tratamento usual consiste na reposição do fator anti-hemofílico que falta para cada tipo da doença.

Entre seus principais sintomas, estão: sangramentos frequentes na articulação, no músculo, nariz, pele e gengiva sem motivo aparente, presença de manchas roxas pelo corpo sem ter havido qualquer pancada; hemorragias após procedimentos invasivos (cirurgias, extração dentária).

Minas Gerais é o terceiro estado brasileiro com maior número de pessoas diagnosticadas com hemofilia congênita. A Fundação Hemominas conta com 16 unidades ambulatoriais em todas as regiões do estado, que fazem o atendimento a pacientes com coagulopatias hereditárias.

Gestor responsável: Diretoria Técnico-Científica - TEC