A coordenadora do Grupo de Pesquisa em HTLV da Fundação Hemominas, Anna Bárbara Proietti , faz o lançamento do livro no HBH - Foto: Adair Gomez

A Fundação Hemominas e o Grupo Interdisciplinar de Pesquisa em HTLV (GIPH) realizaram na quarta-feira (23/03) um minissimpósio e o lançamento da sexta edição do livro HTLV - Coleção Cadernos Hemominas. Cerca de 40 pessoas compareceram ao evento, que aconteceu no auditório do Hemocentro de Belo Horizonte e contou com a presença de representantes da Fundação Sarah Kubitschek em BH, Universidade Federal Fluminense (UFF), Universidade Federal da Bahia (UFBA), Faculdade de Medicina de Campos (FMC), Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Hospital das Clínicas, Ministério da Saúde, Fiocruz, secretarias Estadual e Municipal de Saúde e de associações de pessoas com o vírus, da Bahia e do Rio de Janeiro.

A médica e pesquisadora da Fundação Hemominas, Anna Bárbara Proietti, também coordenadora do GIPH, deu as boas-vindas aos presentes, ressaltando a importância do minissimpósio e do livro ora publicado para dar ampla divulgação da gravidade da infecção pelo vírus HTLV. “Foram mais de 73 pesquisadores e colaboradores para o livro. A capa desta edição foi feita pelo estudante de medicina da Faculdade da Saúde e Ecologia Humana (FASEH) e membro do GIPH, Teófilo Costa dos Santos. As pessoas não sabem que têm o HTLV e quando descobrem ficam atordoadas com o diagnóstico”, destacou Anna Bárbara.

Entre os palestrantes estava a coordenadora do setor de Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST), Aids e Hepatites Virais da Secretaria de Estado de Saúde (SES/MG), Jordana Costa Lima. Ela mostrou como funciona atualmente o programa da rede DSTs/Aids e Hepatites em Minas Gerais. “Até 2014 as ações eram essencialmente vigilância epidemiológica, com o objetivo de procurar, investigar o caso e notificar o número em si. Desde 2015, já existe um trabalho com grupos específicos para HTLV. Hoje temos vigilância epidemiológica, assistência, centro de testagem e aconselhamento e farmácias. Temos 17 serviços em 62 municípios que atendem todo o estado mineiro”, afirmou Jordana.

O compromisso com a conscientização do HTLV foi reafirmado por Juliana Uesono, do Departamento deDST, Aids e Hepatites Virais doMinistério da Saúde. Juliana informou sobre um novo tratamento para os pacientes desse vírus. “Conseguimos incorporar no SUS o uso do medicamento antirretroviral zidovudina, para tratamento de leucemia e linfoma de células T associado ao HTLV-1. É a portaria 50, de setembro de 2015”, disse Juliana.

A presidente da Associação dos Portadores do Vírus HTLV - Vitamore, Sandra do Valle, foi responsável pelo tema “Vivendo com HTLV”. Sandra falou sobre o envolvimento da sociedade na divulgação do HTLV. “Desde a década de 70 existe o HTLV. As pessoas procuram a nossa associação precisando de leite, medicamentos, cadeiras de roda. Minha vontade, às vezes, é jogar a toalha, mas quando eu participo de eventos como esse, ganho forças”, finalizou Sandra.


Várias pesquisas desenvolvidas pelos membros do GIPH foram apresentadas durante o evento. A responsável pelo Departamento de Microbiologia -ICB/UFMG, Edel Figueiredo, falou sobre os testes para a vacinoterapia. Carlos Brites, coordenador da Faculdade de Medicina da UFBA, trouxe dados sobre a coinfecção HIV-HTLV, relacionando a realidade no Brasil com a cidade de Salvador. Já Luiz Cláudio Romanelli (Hemominas/BH) discorreu sobre o tratamento da infecção e suas possíveis complicações neurológicas. Luiz Alcântara da Fiocruz/BA citou projetos de aplicativos para celular como forma de divulgação da doença. Fechando as apresentações, Dr. João Gabriel Ribas, da Fundação Sarah em BH, relatou como é feito o tratamento na instituição.A presidente da Fundação Hemominas, Júnia Cioffi, se solidarizou com os pacientes e parabenizou os profissionais que atuam nas pesquisas sobre o HTLV. “A Hemominas tem orgulho de ser a sede deste grupo. Temos grande vocação para pesquisa e tecnologia. A nossa vontade é que o GIPH continue seu trabalho na Hemominas para seguir trazendo conhecimento à população” parabenizou a presidente.

Dia Nacional de Enfrentamento do Vírus HTLV

A presidente da Fundação Hemominas, Júnia Cioffi, fala sobre a vocação da instituição no campo da Pesquisa.
A presidente da Fundação Hemominas, Júnia Cioffi, fala sobre a vocação da instituição no campo da Pesquisa - Foto: Adair Gomez

A partir da sugestão de Sandra do Valle, presidente da Associação dos Portadores do Vírus HTLV – Vitamore, do Rio de janeiro, o dia de realização do minissimpósio em Minas Gerais foi aprovado como marco na luta pelo tratamento integral das pessoas com o vírus HTLV e tornou-se o “Dia Nacional de Enfrentamento do HTLV”. Em vários estados foram propostas ações simultâneas para que o dia 23 de março possa, a partir deste ano, entrar nas agendas de atenção à saúde e assistência aos portadores do HTLV.

Destaque também para a participação de Adijeane Oliveira de Jesus, colaboradora na elaboração do livro, paciente e representante da Associação HTLVida, grupo de apoio aos portadores de HTLV do estado da Bahia. A baiana informou o quanto é difícil conseguir divulgação para esse assunto. Disse que a associação da qual participa é a única do estado da Bahia e, mesmo funcionando desde 2005, só ganhou visibilidade há dois anos. “O que motiva participar desses simpósios é o número crescente de pacientes. A Dra. Anna Bárbara me convidou para participar desse projeto de elaboração do livro contando como fazemos a assistência no nosso estado, e eu fiquei muito feliz em poder participar”, ressaltou.

Outra paciente presente foi Jane Lúcio da Silva, de 31 anos. Ela, que mora no município de Pompéu, região Central de Minas Gerais, contou que descobriu o vírus HTLV há dois anos, depois de tentar fazer uma doação de sangue no Hemocentro de Belo Horizonte. Jane realiza seu tratamento na Fundação Hemominas, no Hospital das Clínicas e no Laboratório Central no Setor de Imunologia e Biologia Molecular/DIP. “Sempre tive sintomas de anemia e tinhas os ossos fracos. Mas depois de descobrir o vírus, a minha vida mudou. Engordei mais de 40 quilos devido ao uso do corticoide, tenho incontinência urinária, quadro de depressão. O vírus atacou as minhas pernas e por isso faço hidroginástica como tratamento paliativo”, contou a paciente.

HTLV

O vírus HTLV (sigla da língua inglesa que indica “vírus que infecta células T humanas”) é um retrovírus isolado em 1980, a partir de um paciente com um tipo raro de leucemia de células T. Apresenta dois tipos: o HTLV-1, que está implicado em doença neurológica e leucemia, e o tipo 2 (HTLV-2), que está pouco evidenciado como causa de doença. Desde 1997, com a criação do Grupo Interdisciplinar de Pesquisas em HTLV (GIPH), a Fundação Hemominas desenvolve pesquisas sobre o vírus linfotrópico de células T humanas tipo 1 (HTLV-1 - Human T cell lymphotropic vírus type 1).

GIPH

O GIPH atua há mais de vinte anos, avaliando aspectos epidemiológicos, clínicos e laboratoriais das pessoas portadoras do HTLV e seus familiares.
O GIPH atua há mais de vinte anos, avaliando aspectos epidemiológicos, clínicos e laboratoriais das pessoas portadoras do HTLV e seus familiares - Foto: Adair Gomez.

O Grupo Interdisciplinar de Pesquisas em HTLV – GIPH, que possui mais de 20 profissionais, desenvolve projetos em colaboração com a Fundação Hemominas, Faculdade de Medicina e Instituto de Ciências Biológicas da UFMG, Hospital Sarah Kubitschek e o Centro de Pesquisas René Rachou há mais de 20 anos. Tem por objetivo geral estabelecer uma coorte aberta prevalente para acompanhamento de indivíduos com sorologia positiva ou indeterminada para HTLV-1/2, buscando avaliar aspectos epidemiológicos, clínicos e laboratoriais dessa população e de seus familiares. 

 

A versão eletrônica da sexta edição do livro HTLV – Cadernos Hemominas, lançado no Dia Nacional de Enfrentamento do HTLV – 23 de março, está publicada no portal Hemominas http://www.hemominas.mg.gov.br/publicacoes.

Mais informações sobre o HTLV aqui.


http://vitamore.com.br/

http://www.htlvida.org/site/

Gestor responsável: Assessoria de Comunicação Social

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