De 10 a 12 de julho, foi realizada a 1ª Conferência Estadual da Saúde das Mulheres. Os trabalhos iniciaram com a realização da primeira mesa de debate que teve como tema a situação atual do país e seus impactos na vida das mulheres. Foram convidadas para palestrar sobre o tema, a Conselheira Estadual da Saúde dos representantes de usuários pela Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado de Minas Gerais, Maria Alves; a Presidenta da Central Única de Trabalhadores de Minas Gerais, a CUT Minas, e coordenadora geral do Sindicato Único de Trabalhadores em Educação de Minas Gerais, o Sind-UTE/MG, Beatriz Cerqueira; e a ex-conselheira do Conselho Nacional da Saúde, Katia Souto. A coordenadora da mesa foi Dehonara Silveira que é Militante da Marcha Mundial das Mulheres.
A abertura oficial ocorreu às 19h, no Minascentro, com a presença de diversas autoridades compondo a mesa, dentre elas o Secretário de Estado de Saúde de Minas Gerais, Sávio Souza Cruz, o Vice-Presidente do Conselho Estadual da Saúde, Ederson Alves da Silva, a Conselheira Estadual de Saúde, Lourdes Machado e a Subsecretária de Políticas e Ações de Saúde da Secretaria de Estado de Saúde, Maria Turci.
A Presidente da Fundação Hemominas, Dra. Júnia Cioffi, esteve na abertura do evento e, segundo ela, a conferência é um marco histórico para o fortalecimento do Sistema Único de Saúde, o SUS. “Foi com muita alegria que compareci a este evento que pode ser considerado um marco para o nosso estado. A primeira conferência de Saúde voltada para as mulheres possibilita uma reflexão e debate inclusivo de todas as demandas e faces da saúde da mulher em nosso Estado, dentro dos preceitos do SUS de Atenção integral”, afirmou.
Durante a solenidade foram tratados temas como a importância de se criar políticas de equidade em todas as áreas, principalmente na saúde pública. Além disso, as autoridades presentes na mesa discursaram sobre a importância da presença de coordenadoras das mesas de debate em sua totalidade mulheres tendo em vista que o evento visa a inclusão social feminina em todas as esferas.
No segundo dia foram discutidos os desafios para intersetorialidade, um modelo de gestão que tem como objetivo é promover a interlocução entre distintos setores sociais e políticas públicas. Diva Moreira, ativista do movimento negro e coordenadora no Instituto Pauline Reichstul discursou sobre racismo institucional e a existência de maiores índices de mortalidade infantil entre a população afrodescendente. Além disso, segundo a palestrante, a segunda maior causa de morte entre as mulheres negras é por homicídios, sendo que entre as mulheres brancas essa causa de morte está em quinto lugar. Diva apontou algumas ações que devem ser realizadas como a criação de movimentos populares de mulheres em apoio às vítimas de violência e denúncias permanentes e divulgação nas redes sociais.
Maria Turci, Subsecretária de Políticas e Ações da Saúde da Secretaria de Estado da Saúde, explicou a diferença entre equidade e igualdade. Segundo a subsecretária, equidade é quando se reconhece que as pessoas têm necessidades diferentes e por isso é necessário garantir soluções distintas para que todos estejam em condições de igualdade.
Também foram discutidas questões de gênero, políticas públicas para mulheres e participação social. Ariane Senna, psicóloga, transfeminista e vice-presidente do Conselho Estadual dos Direitos da População LGBT da Bahia, falou sobre o fato de sempre os líderes indígenas serem homens, como se as mulheres não tivessem voz em suas tribos. Falou sobre a dificuldade de inserção social das mulheres deficientes e daquelas em situação de rua. De acordo com Larissa Borges, Subsecretária Estadual das Políticas para as Mulheres da Secretaria de Estado de Direitos Humanos e Participação Social, “o empoderamento é um processo e é uma conquista. Para cada mulher o empoderar-se pode representar o rompimento de uma barreira diferente”, completou.
No período da tarde foram realizados trabalhos em grupo. As equipes foram separadas por eixos e os delegados eleitos para a conferência votaram nas propostas nacionais e estaduais que devem ser levadas para discussão na Conferência Nacional da Saúde das Mulheres. Os eixos temáticos foram: I – O papel do Estado no desenvolvimento socioeconômico e ambiental e seus reflexos na vida e na saúde das mulheres; II – O mundo do trabalho e suas consequências na vida e na saúde das mulheres; III – Vulnerabilidade nos ciclos de vida das mulheres na Política Nacional de Atenção Integral a Saúde das Mulheres; IV – Políticas Públicas para Mulheres e Participação social.
No último dia de trabalhos foi realizada a Plenária Final. Nesse momento as propostas escolhidas pelos grupos temáticos do dia anterior foram votadas pelos delegados que decidiram sobre as 12 propostas eleitas. Foram definidos 96 delegados para representar o estado de Minas Gerais na Conferência Nacional da Saúde das Mulheres.
No período da tarde ocorreu a apresentação das crianças que participaram da “Conferencinha”, um espaço com atividades para que os filhos das participantes pudessem ser acolhidos enquanto as mães participavam do evento. A proposta da miniconferência é conscientizar as crianças sobre a importância da participação em debates que visam a garantia de direitos. As crianças participantes estiveram no palco principal e realizaram um ato em favor da inclusão social feminina. Durante todo o evento as participantes demonstraram engajamento com as questões sociais, de gênero e direitos. Nas plenárias ecoavam gritos como “Nenhum direito a menos”, tema da conferência, e “Lugar de mulher é onde ela quiser”.
As delegadas eleitas durante a votação irão participar da Conferência Nacional de Saúde das Mulheres entre os dias 1º e 4 de agosto, em Brasília.