A discussão de temas ligados aos serviços de hemoterapia, como gestões em qualidade, estoque e catástrofes e práticas transfusionais, incluindo desde a promoção da doação voluntária de sangue até a transfusão. Esta foi a pauta desenvolvida no II Curso Internacional de Banco de Sangre Auna, promovido pela Escuela Especializada em Ciencias de la Salud (ESECS), realizado em Lima, capital do Peru, de 16 a 18 de agosto, no qual o Brasil foi representado pela presidente da Fundação Hemominas, Júnia Cioffi.

No evento, foram analisados os protocolos utilizados nas diversas áreas envolvidas em procedimentos de transfusão sanguínea, com o objetivo de promover uma reflexão sobre a necessidade de se definir regras apropriadas à a condução de cada procedimento. Considerando que as urgências, as cirurgias e a hemoterapia são as principais responsáveis pela demanda de transfusões, discutiu-se a operacionalização do serviço para garantir a recuperação do paciente e minimizar os efeitos ocasionados pela transfusão de volumes de sangue superiores à quantidade normal que circula no organismo.

A atuação dos serviços de hemoterapia em catástrofes foi um tema amplamente abordado, uma vez que o governo do Peru possui muita experiência em intervenções após situações de terremotos e atentados. O médico do Hospital Cassimiro Ulloa e responsável pela equipe médica de atendimento a desastres na cidade de Lima, Omar Gomes, relatou as responsabilidades de cada membro da equipe e apresentou alguns estudos de casos em que os pacientes foram beneficiados pelo trabalho bem organizado. Gomes discorreu sobre a atividade dos serviços de hemoterapia, que, em muitos casos, são essenciais para a manutenção da vida dos pacientes.

Nancy Benites, diretora do laboratório de referência de imuno-hematologia de Oneblood (serviço de hemoterapia da Flórida nos Estados Unidos) descreveu os grupos de sangues raros e falou sobre a experiência americana na implantação dos bancos destes tipos sanguíneos. De acordo com Benites, o conhecimento possibilita a colaboração de vários serviços, de forma a atender as necessidades de pacientes em todo o mundo como uma rede de hemoterapia. Os padrões de qualidade e atendimento possibilitam o envio de bolsas de hemocomponentes para localidades distantes. O Brasil foi citado como participante desta rede, tendo em vista que já enviou componentes sanguíneos para outros estados e países.

Gestão do sangue na Hemominas

A participação brasileira foi baseada nas experiências da Fundação nas gestões de qualidade e de estoques, nos planos de contingência em situações críticas, na promoção da doação de sangue e na realização de coletas externas.

Em sua fala sobre a gestão da qualidade, Júnia Cioffi relatou o histórico da Hemominas desde a sua criação. Ela destacou a implantação do controle de qualidade dos hemocomponentes, o programa de qualidade do sangue, implantado pelo Ministério da Saúde, e a primeira experiência da Fundação na gestão de processos. A certificação pela American Association of Blood Banks (AABB) também foi um tema abordado.

Ao enfocar o gerenciamento do estoque, Cioffi explicou como é desenvolvida a gestão do sangue para todo o estado de Minas Gerais. Foram descritos os planos de implantação das unidades, o funcionamento em rede, a logística de coleta e transporte de hemocomponentes e amostras de sangue, o gerenciamento do estoque estadual e as ações em situações de contingências.

Para exemplificar as ações da Fundação Hemominas, foi apresentado o Plano Relógio (que compreende as estratégias de mobilização de voluntários para doação de sangue e de oferta de hemocomponentes em Minas Gerais, no período da Copa do Mundo de 2014) e o atendimento aos pacientes com febre amarela no estado. De acordo com a presidente, “durante a apresentação foi possível evidenciar como o trabalho em equipe e em rede supera grandes dificuldades no atendimento hemoterápico”.

Com relação à promoção da doação de sangue, Júnia Cioffi reforçou a necessidade do voluntarismo no processo da doação, exemplificando-se algumas ações realizadas nas unidades da Hemominas. Além disso, ela abordou os protocolos de atendimento em coletas externas e explicou como funcionam os Postos Avançados de Coletas Externas (PACES). Cioffi acentuou que “os nossos PACES são muito parecidos com alguns tipos de coletas realizadas em países europeus, como Espanha e França”.

Outra abordagem da presidente Júnia Cioffi informou sobre a imagem da instituição na sociedade: “A Hemominas é uma organização bem estabelecida, estruturada, que trabalha em rede e conta com credibilidade, sendo bem acolhida pela sociedade”. Sobre os resultados alcançados ao longo dos anos, reconhece: “Conseguimos os resultados graças ao empenho de toda a equipe que está distribuída pelo estado. Os profissionais desempenham as funções da melhor forma possível e, com isso, conseguem o apoio dos doadores de sangue que garantem a manutenção dos estoques de hemocomponentes para até nove dias de utilização”, concluiu.

Gestor responsável: Assessoria de Comunicação Social

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